Bovinos de Raça Minhota

A raça bovina Minhota é uma raça autóctone, cuja tripla aptidão (carne, leite e trabalho) levou à sua difusão por todo o noroeste português. Tem como solar as zonas de terrenos mais planos e férteis, normalmente designadas por várzea, e as zonas de meia-encosta, em particular os concelhos de Valença, Vila Nova de Cerveira, Caminha, Viana do Castelo, noroeste de Barcelos, norte de Esposende e Ponte de Lima. Este último é considerado o seu solar histórico pois aí se preservaram os animais mais puros e era na sua feira quinzenal que se encontravam e comercializavam os melhores exemplares.

"A raça estende-se por todo o Minho e fachas territoriais próximas, mas onde ella mais se condensa e apura é ao norte da província minhota entre os rios Minho e Cávado" (Miranda do Vale, 1906),

Bois

"Todos são concordes (...) que a raça galega é uma explêndida raça de trabalho. O boi galego é um escravo do carreteiro (...) era preferida à raça Barrosã pela sua resistência, a sua mansidão e a sua docilidade (...) consideravam-na também mais moderna (mansa), mais melanqueira e com ela lavravam as suas veigas, apondo-lhe a pesada Brabant dupla (...) Numa palavra, os galegos são mais dóceis ao jugo, mais tenazes, mais pacientes - sem que o seu passo seja demasiadamente lento. Uma junta de bois galegos, de corpulência mediana, lavra um dia inteiro, em passo certo"(Amorim, 1928).

O boi é o quadrúpede que mais se parece com um filósofo. vê tu o passo mesurado, grave e cadente de um boi! O olhar meditativo! A sisudeza do aspeito! O ar revelativo de um complicado trabalho intelectual que se sestá elaborando naquela enorme cabeça! Há grandes filósofos inquestionavelmente menos sérios e cogitativos que o boi.

Camilo Castelo Branco, Vinte Horas de Liteira